O poder está em nossas mãos

O aumento na insegurança alimentar, o alto nível de desemprego e a queda de renda nos últimos anos, fez explodir o número de favelas no Brasil. Em dez anos, elas mais que dobraram em número de presença nas cidades brasileiras. Saltou de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 734 cidades, de 2010 a 2019.

  Caracterizadas pelas construções irregulares e falta de saneamento básico, a favelização brasileira cresceu, apesar dos programas de financiamento de moradia popular, como o Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, que construiu 5 milhões de casas entre 2009 e 2028. Resumindo, foram 230 bilhões de reais investidos em subsídios diretos e recursos do FGTS ( Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). De acordo com o levantamento feito pelo Mapbiomas, um em cada 4 desses domicílios precários fica nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas a proporção é maior em capitais como, Manaus ( 53%) e Salvador (42%). Ao todo, 4,66% do crescimento de áreas urbanizadas, entre 1985 a 2020, tem características de ocupação informal, como as presentes nas favelas. O estado do Amazonas lidera essa expansão em percentuais, onde a informalidade responde por 45% da área urbanizada, 22% no Amapá, 14% no Pará, e 12,6% no Acre.

As imagens de satélite analisadas pelo Mapbiomas também permitiram identificar que as favelas estão localizadas em áreas com declive maior que 30%, ou seja, que estão mais sujeitas a risco de deslizamentos.

O Mapbiomas é um projeto multi-institucional que envolve universidades e empresas de tecnologia, que promove o mapeamento anual de cobertura e uso da terra do Brasil, disponibilizando os mapas de forma aberta e gratuita.

Ao contrário do que deveria ser feito pelos órgãos públicos, há uma inflexão nas práticas governamentais desses territórios, que está caminhando no sentido inverso das lutas dos movimentos sociais e das conquistas históricas das populações ali residentes. Nesse sentido, é preciso que haja um novo marco do planejamento urbano para as favelas, uma vez que as favelas começaram a surgir no Brasil com o acelerado processo de urbanização decorrente da expansão industrial ocorrida desde o final do século XIX.

A pandemia só fez aumentar e ressaltar essas diferenças em nosso país, resultado da falta de políticas públicas e da alta concentração de renda.

Paraisópolis, a maior favela de São Paulo, foi construída ao lado do Morumbi, um bairro de classe média alta de São Paulo, possui 100 anos e sua população é de aproximadamente 45 mil habitantes.

Já a Rocinha, a maior e mais famosa favela do país, possui 90 anos, já foi palco de gravações de filmes, clipes de música, de astros como o Michael Jackson,  conta com cerca de 100 mil habitantes,  é comandada por facções do tráfico de drogas, e  possui um alto índice de habitantes infectados pela tuberculose, com 451 casos por 100 mil habitantes, um dos maiores da cidade. 

O  nosso papel como cidadãos para reverter a situação de miséria na vida dessas pessoas é escolher de maneira consciente os nossos governantes nas eleições e cobrar deles ações governamentais que melhorem a vida dessas pessoas de maneira eficiente e significativa.

Érica Gregorio, jornalista, estudante de Sociologia, escreve periodicamente no seu blog ericagregorio.com

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