As vítimas são elas..

Misoginia no dicionário significa ódio ou aversão às mulheres e ainda aversão ao contato sexual com as mulheres. A origem desse termo é grega, e vem dos vocábulos miseó, que significa ódio, e gyné, que tem como tradução mulher. Esse conceito abarca os sentimentos de desprezo, preconceito, repulsa e aversão às mulheres e ao que remete ao feminino.

Entende-se que a misoginia pode se manifestar de diversas formas, como por meio da depreciação, do descrédito e dos vários tipos de violência contra a mulher, seja física, moral, sexual ou psicologicamente.

A origem da misoginia vem do sistema patriarcal que vivemos, que é pautado pelo domínio masculino, fazendo com que as camadas de poder da sociedade, como o econômico e o político, sejam majoritariamente representados por homens.

Alguns exemplos desse modelo patriarcal são a obrigatoriedade da mulher de manter relações sexuais com seu marido, a despeito da sua própria vontade, ou o argumento da legítima defesa da honra que por muito tempo foi legal e socialmente aceito, usado pela desfesa de muitos réus em casos de feminicídio. Um exemplo emblemático disso aconteceu no julgamento do assassinato da socialite Ângela Diniz, morta, na década de 70,  a tiros, pelo seu marido na época, Doca Street, que em seu primeiro julgamento foi inocentado a partir da tese da legítima defesa da honra. Essa alegação de defesa só deixou de ter validade agora, em 2022.

Não precisamos voltar tanto no tempo para buscar exemplos de agressão contra as mulheres. Essa semana vimos uma promotora ser brutalmente agredida por seu colega de trabalho sem motivo algum. A pandemia escancarou esse tipo de crime, pois com a reclusão, eles ficaram mais aparentes, só em 2020 foram 105 mil denúncias, e novos canais foram abertos para facilitar o contato e queixas dessas mulheres que na maioria das vezes são vítimas dentro das suas próprias casas.

A violência contra mulher também acontece quando se procura colocar a mulher como o motivo para a ação de um estupro, dizendo que ela estava usando roupas curtas ou se oferecendo antes da agressão acontecer. Nada justifica o ato de um estupro, que consiste em ter relações sexuais ou atos libidinosos sem consentimento. Quantas mulheres não são revitimizadas a partir de pensamentos assim e quantas não vemos serem agredidas a partir disso, como se a culpa fosse delas, sendo que é justamente o contrário, mas como pensamos dentro da sociedade patriarcal que vivemos, o que acontece é a busca por justificativas que sejam inseridas dentro desse contexto.

Qual o motivo que será encontrado para o estupro de uma menina de 10 anos, que engravidou de seu agressor,  teve seu aborto negado na justiça e ainda precisou passar por uma ampla repercussão nacional até ter seu direito, garantido por lei, concretizado.

Para romper essa mentalidade é preciso educar para a equidade e justiça. Isso envolve desde a abordagem do tema em salas de aula, até a produção de estatísticas que fundamentem as políticas públicas e a realização de campanhas voltadas à população como um todo.

Érica Gregorio, jornalista, estudante de Sociologia, escreve periodicamente no seu blog ericagregorio.com

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