A raiz de uma ideia equivocada

O preconceito contra pessoas homossexuais ainda é uma realidade persistente em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. Entre os muitos fatores que alimentam essa discriminação,  é a crença equivocada de que a orientação sexual é uma escolha. Ninguém escolhe ser homossexual ou heterossexual — as pessoas simplesmente nascem com uma orientação sexual, que faz parte de quem são. No entanto, devido à normatização imposta pela sociedade, muitas pessoas acabam se identificando inicialmente como heterossexuais, por medo, pressão ou por não se sentirem seguras para expressar sua verdadeira identidade. Com o tempo, ao ganharem mais liberdade e autoconhecimento, elas podem se reconhecer e se assumir como homossexuais. Esse processo, embora natural, é frequentemente mal interpretado por quem acredita que a orientação sexual é uma escolha, reforçando uma visão distorcida que alimenta ainda mais o preconceito.Essa ideia distorcida não só desumaniza como reforça atitudes de rejeição, exclusão e violência.

Ser homossexual ou heterossexual não é uma decisão consciente, ou uma fase, mas sim uma característica intrínseca do indivíduo. A ciência, a psicologia e até o senso comum já reconhecem que a orientação sexual não se escolhe — assim como não se escolhe a cor dos olhos ou o tipo sanguíneo. No entanto, ao tratar a homossexualidade como um “comportamento” que pode ser “corrigido” ou “evitado”, parte da sociedade perpetua o preconceito, alimentando discurso de ódio e incentivando a marginalização de milhões de pessoas.

Essa concepção errônea tem impactos profundos. Jovens LGBTQIA+ enfrentam níveis alarmantes de rejeição familiar, evasão escolar, problemas de saúde mental e até suicídio, muitas vezes por acreditarem que há algo de errado com quem são. Ao invés de receberem apoio e compreensão, são alvos de julgamentos baseados em ignorância e intolerância.

Para combater esse ciclo de preconceito, é fundamental promover informação, diálogo e empatia. Reconhecer que a orientação sexual é parte natural da diversidade humana é o primeiro passo para construir uma sociedade mais igualitária e inclusiva. Ninguém escolhe quem ama — e isso, longe de ser um problema, é a expressão mais autêntica da liberdade e da dignidade humanas.

Erica Gregorio jornalista, socióloga, escreve periodicamente em seu blog ericagregorio.com

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