Acidentes domésticos dobram na pandemia: crianças são as maiores vítimas

Por Patrícia Consorte

O número de acidentes domésticos sofreu um aumento significativo na pandemia. Dentre as principais vítimas, estão as crianças. Enquanto em 2019, foram registrados cerca de 18 mil casos atendidos dentre os jovens e adolescentes, em 2020, a quantidade ultrapassou 39 mil, um aumento de cerca de 112% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Garantir a segurança das crianças dentro de casa, nesse cenário, se tornou uma preocupação elevada entre os pais, principalmente diante das inúmeras possibilidades de riscos iminentes.

Como justificativa para esse aumento, o isolamento social foi o principal motivador, uma vez que as crianças ficaram impedidas de ir para a escolas, centro recreativos e qualquer lugar fora de seus lares. Ainda, muitas ficam a maior parte do dia sem a supervisão direta, uma vez que os pais também estão trabalhando de casa, ocupados com suas responsabilidades.

Os perigos decorrentes dessa falta de cuidado podem ser os mais variados. Dentre eles, alguns dos mais comuns são acidentes dentro da cozinha, envolvendo queimaduras em panelas, fogão, cortes de facas ou outros objetos afiados. Fora esses, existem diversas outras situações que podem ser perigosas para os pequenos, como fios soltos pela casa, objetos pesados que estejam ao alcance, móveis pontiagudos, produtos de limpeza que, se ingeridos, podem levar à intoxicação, e muitos outros.

Mesmo diante de tantas possibilidades que possam parecer assustadoras, os pais podem garantir a segurança de seus filhos com algumas medidas pontuais. De forma geral, é importante impedir que os pequenos tenham acesso a qualquer objeto ou utensílio que não seja próprio para a idade.  Busque colocá-los em lugares altos, para que não haja risco. Nas janelas, instale redes e telas de proteção, uma vez que muitas crianças costumam se apoiar para observar a rua. Entre os cômodos, coloque uma pequena grade com trava, para impedir que fiquem andando nos ambientes sem supervisão. Em casas com piscinas, mantenha sempre fechada com telas para evitar que caiam e se afoguem.

A cozinha, por sua vez, é por si só um local com maior risco às crianças. Em hipótese alguma, elas devem ficar no ambiente sem a presença de um adulto. Contudo, isso não significa que devem ser deixadas de fora. Dizer constantemente “não” para as crianças, não possui grande eficácia, uma vez que não possuem maturidade para transformá-lo em algo construtivo.

Por isso, é importante que elas sejam apresentadas gradativamente aos objetos do local e seus perigos a partir dos dois anos – mostrando, como exemplo, como podem se queimar caso cheguem perto do fogão ou encostem nas panelas. Nessa idade, elas já possuem um maior grau de entendimento para discernir certos perigos.

Ainda, existem objetos de cozinha adaptados para os pequenos, como facas sem pontas, os quais os pais podem utilizar junto com seus filhos como forma de entretê-los. Isso claro, sem deixar de lado os cuidados em manter cabos de panelas ou frigideiras para dentro e, colocar todos os utensílios cortantes em lugares altos.

Caso qualquer acidente venha a ocorrer, o recomendado é analisar sua gravidade. Ferimentos profundos, desmaios, queimaduras ou quedas de objetos em cima das crianças, são situações que demandam atendimento hospitalar urgente. Em casos menos graves, entre em contato imediatamente com o pediatra, para que ele oriente o procedimento adequado.

Dra. Patrícia Consorte é pediatra e especialista em nutrição materno-infantil.

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