Antes da primeira Copa do Mundo, a bola já rolava em Itu

Em 1895, Charles Miller realizou aquele que é considerado o primeiro jogo oficial de futebol no Brasil. Mas bem antes, no início da década de 1880, as bolas de capotão já rolavam nos pátios do Colégio São Luís de Itu, onde atualmente é o Quartel –  2º GACAP – Regimento Deodoro da cidade.

Na segunda metade do século XIX, escolas de todo o mundo estavam mais abertas à incorporação da prática esportiva em seus currículos como forma de incentivar a disciplina e fortalecer a saúde dos alunos. Nesse contexto, os padres jesuítas acompanharam os novos tempos e passaram a promover diferentes esportes em seus colégios. No entanto, o futebol (ou “ballon au camp”, em tradução literal “bola ao campo”, como era chamado) parecia especial.

Prova disso é que em 1875, no livro “Les jeux de collége”, guia da Companhia de Jesus para os reitores, dentre mais de 80 modalidades recomendadas para os colégios jesuítas de todo o mundo o futebol era o preferido dos padres: “esse jogo é o mais bonito e o mais interessante de todos”.

No Brasil, o primeiro jesuíta a trazer novidades quanto às práticas pedagógicas e físicas desenvolvidas na Europa foi o padre reitor José Maria Mantero. Em 1880, após uma de suas viagens, o padre Mantero tornou obrigatória a prática de esportes no Colégio São Luís de Itu.

As duas bolas de capotão que trouxe em sua bagagem deram origem ao “bate-bolão”, uma das brincadeiras favoritas dos alunos, graças também à participação ativa dos padres nos recreios (imagem).

Precursor do futebol, o “bate-bolão” foi praticado por quase uma década de forma bem simples: os alunos apenas chutavam a bola para o alto ou contra os muros do Colégio. Ainda não havia times de 11 jogadores, demarcação de campo, traves ou um conjunto de regras.

Em 1887, o bate-bolão ganhou alguns elementos do futebol moderno: delimitação da área do gol, feita com retângulos em paredes opostas do pátio, e formação de duas equipes, caracterizando uma disputa (o que não acontecia até então).

A partir daí o objetivo do jogo ficou claro: o aluno deveria fazer a bola atingir o interior da área definida na parede do time adversário, marcando o famoso “gol”. Com essas modificações o “bate-bolão” deixou de ser apenas uma brincadeira de chutar bolas contra paredes e passou a ser praticado com mais dinamismo.

Em 1894, seguindo as regras da Football Association, o reitor do CSL, padre Luís Yabar, passou a aplicar as dimensões e demarcações oficiais do campo e substituiu as marcas nas paredes por traves de madeira.

Por essa época foi instituído o título de “campeão de futebol” para o aluno que mais se destacasse nas partidas. O primeiro a ter esse reconhecimento foi Arthur Ravache, em 1895. Ravache viria a ter importante participação no emergente meio futebolístico paulistano. Foi protagonista de uma das primeiras equipes de futebol na cidade de São Paulo, o Sport Club Germânia (futuro Esporte Clube Pinheiros). Também esteve presente na reunião de dezembro de 1901 que fundou a Liga Paulista de Futebol, fazendo parte da primeira diretoria.

Em 1918, o CSL se mudou para a capital, na Avenida Paulista, mas o Colégio continuou investindo no esportes. “O futebol nos ajuda a formar cidadãos completos, capazes de superar desafios e entender que vencer e perder fazem parte da vida.”

 

Informações e fotos: http://www.saoluis.org

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