Através do POEAO, Unicamp inicia estudo inovador no Quartel de Itu

Em parceria com o Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios (POEAO) de Itu, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) começou um estudo arquitetônico inovador do antigo Colégio São Luís, atual 2º Grupo de Artilharia de Campanha Leve – Regimento Deodoro, comandado pelo Tenente Coronel Clayton Ricardo Pontes.

O POEAO assinou neste mês um convênio com o Reitor da Unicamp, Prof. Doutor Marcelo Knobel para levantamentos sofisticados do prédio, tombado pelo Condephaat em 2003, e  construído entre 1869 e 1904.

Para início dos trabalhos, esteve em Itu na sexta-feira, 11, a Arquiteta Professora Doutora Eloisa Dezen-Kempter, Coordenadora do curso de Engenharia de Transporte do Campus de Limeira, com sua equipe: o mestrando Osvaldo Celos Rodrigues e a aluna do curso de Tecnologia em Construção de Edifícios, Juliana Marconde Oliveira.

Através de equipamentos modernos e sofisticados como drones, laser scanner, aparelho de fotogrametria, bem como de seus laboratórios de informática de última geração, haverá a modelagem em 3 dimensões da edificação histórica usando a tecnologia Historical Building Information Modelling – HBIM.

“O objetivo é alimentar o banco de dados para identificar as patologias do prédio. O desenvolvimento de um sistema que identifica patologias é inovador, pois no Brasil nós ainda nem temos nomenclatura especificas, seguimos as normas internacionais”, explica Eloisa. “Para a universidade, essas parcerias público-privadas são muito importantes, para que nossa pesquisa seja revertida para a sociedade”, conclui.

O levantamento de dados, que terá também a cooperação dos alunos do POEAO de Itu, servirá para estabelecer os parâmetros técnicos visando a elaboração de um futuro projeto de restauração da edificação histórica, atualmente sede do Quartel.

“O sucesso dessa inciativa só foi possível graças a um Acordo de Cooperação assinado em 2016 entre o Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu e o Estado Maior do Exército Brasileiro”, destaca o coordenador do POEAO, o engenheiro Raul de Souza Almeida. “A nós caberá a responsabilidade de captar recursos para arcar com os custos das bolsas auxílio e refeições de nossos aprendizes e de toda equipe. Para isso, buscamos parceria com empresas para doação de parte de seus impostos através do Programa ProAC/ICMS.” E conclui: “O Projeto Oficina Escola de Itu se solidifica como modelo de valorização do patrimônio histórico cultural de Itu e de inserção social e laboral de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.”

Também faz parte do mencionado projeto o Senai/SP, no escopo do convênio “Programa Comunitário de Formação Profissional” destinado a formação dos atendidos dos Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu. Graças ao apoio financeiro e estratégico do CONDECA/Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Projeto Oficina Escola de Itu está operando com sua plena capacidade.

Ouro Preto e as origens do Projeto Oficina Escola

A filosofia do Projeto nasceu em Ouro Preto/MG com o restaurador mineiro Jair Afonso Inácio (1932-1982). Sua mãe ficou viúva quando ele tinha apenas 3 anos. Logo cedo começou a trabalhar como engraxate e auxiliar de sapateiro.  Aos 14 anos iniciava suas atividades como ajudante de restauro em Ouro Preto.

Seu talento foi descoberto por dois ilustres visitantes daquela histórica cidade mineira: Germain Bazin, então curador do Museu do Louvre, e Rodrigo de Mello Franco presidente do SPHAN, hoje IPHAN. Em reconhecimento ao talento do jovem, ambos assumiram a responsabilidade de seus estudos. Após a conclusão do ensino médio por Jair Afonso, conseguiram para o jovem uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller possibilitando a ele realizar seus estudos de restauração no Instituto Real do Patrimônio Belga, em Bruxelas.

Em 1971, Jair Inácio cria o primeiro curso regular de formação de técnicos restauradores, na Fundação de Arte de Ouro Preto – FAOP, no qual o Projeto de Itu inspira-se.

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