Biotecnologia elimina até 98% dos mosquitos da Dengue
Com um aumento de 599,5% no número de casos de Dengue em relação ao ano passado, o Ministério da Saúde decidiu iniciar a campanha de combate à doença mais cedo, este ano. São R$ 12 milhões dedicados à comunicação e R$ 1,8 bilhão em programas de vigilância em saúde. Mas o governo não consegue reduzir os índices sem a ajuda da população, que tem que se conscientizar e eliminar a água parada para impedir a reprodução dos mosquitos.
Mas a tecnologia já encontrou outra forma de eliminar os mosquitos transmissores. Uma empresa britânica, desenvolvida na Universidade de Oxford, chamada Oxitec, produz mosquitos transgênicos, chamados Aedes do Bem™, que não picam e interferem na reprodução do Aedes aegypti. O primeiro teste, realizado na cidade baiana de Jacobina, em 2013, resultou em uma redução de 94% na população de mosquitos, durante o experimento.
No ano passado, a Oxitec iniciou a liberação dos mosquitos geneticamente modificados da linhagem OX5034 em quatro áreas do município de Indaiatuba. A soltura de insetos da nova linhagem do Aedes do Bem™ na cidade é parte de uma LPMA (Liberação Planejada no Meio Ambiente) aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – órgão responsável pela regulamentação de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) no Brasil – em agosto de 2017. O uso da tecnologia está de acordo com normas para proteção da saúde humana, da saúde animal e do meio ambiente.
A Oxitec do Brasil e a Prefeitura de Indaiatuba estão iniciando agora a segunda fase desse projeto para demonstrar a efetividade e avaliar novos métodos de liberação do mesmo Aedes do Bem™.
Desta vez, a liberação dos mosquitos machos, que não picam, será feita por meio da instalação de pequenas caixas de papelão simples contendo ovos e água que serão instaladas nos bairros. Desta caixa, nascerão apenas os mosquitos machos Aedes do Bem™. A instalação dessas caixas começará em meados de outubro. Para que o teste funcione de acordo com o planejado, é importante que os moradores não mexam nas caixas – assim o mosquito poderá emergir e ajudar no combate.
Antes de iniciar a segunda fase deste projeto, a equipe está fazendo o monitoramento da abundância da população de Aedes aegypti em 12 bairros da cidade, que possivelmente hospedarão as liberações dos mosquitos da Oxitec. O objetivo é implementar um sistema de vigilância preciso para avaliar a infestação dos mosquitos selvagens e o desempenho das liberações do Aedes do bem™. O monitoramento é realizado semanalmente, e para isso será utilizado um recipiente cheio de água conhecido como ovitrampa, que atraem mosquitos fêmeas para realizarem a oviposição; esses ovos serão levados para o laboratório para contagem, posteriormente, usados para avaliar a população de mosquitos.