Centro de Contingência alerta sobre dispersão do coronavírus no interior de SP
A pandemia do novo coronavírus está se espalhando pelo interior do Estado de São Paulo. É o alerta do Centro de Contingência de coronavírus, com base em estudo da Unesp (Universidade Estadual Paulista) coordenado pelo professor Carlos Magno Fortaleza, membro desse grupo.
O levantamento foi apresentado durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes nesta terça-feira, 28 de abril. A modelagem mostra que as cidades consideradas polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto apresentam cinco vezes mais chances de disseminação do vírus do que outras cidades menores, com baixa densidade populacional e menor conectividade com municípios de sua região.
Aponta ainda que a rota de disseminação do vírus concentra-se ao redor da capital, na Região Metropolitana, e se dissemina pelas principais rodovias que cortam o interior do Estado.
Além da densidade populacional, o estudo observou a distância como outro fator importante de dispersão da COVID-19. “O risco imediato, como é a condição de vigilância neste momento, é 25% menor a cada 100 quilômetros de distância da capital”. Portanto, há tanto o salto entre os grandes centros regionais quanto à difusão por vizinhança e contiguidade de municípios.
Fortaleza alertou que é preciso manter expressivo índice de isolamento social nesses polos, para evitar que o contágio atinja também os de menor porte, seguindo a classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que prevê quatro tipos de municípios no interior – os polos regionais, os extremamente conectados com polos, os menos conectados e os rurais.
“É grande a necessidade de que os grandes centros regionais mantenham maior rigor no isolamento, o que vai impactar nos demais (em relação à circulação do vírus)”, afirmou o professor da Unesp.
Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o infectologista David Uip ressaltou que existe uma falsa sensação de que o interior paulista está protegido contra a COVID-19, mas que se não houver cooperação por parte dos moradores, especialmente dos centros regionais, a doença poderá se alastrar ainda mais pelo Estado.
Dados da COVID-19
O Estado registra 2.049 óbitos nesta terça-feira (28). Desse total, 728 residiam em cidades do interior, litoral e Grande São Paulo, por onde a doença tem crescido – são 141 municípios com pelo menos um óbito, incluindo a capital.
Quase metade do total de municípios em SP já foi alcançada pela COVID-19. Das 645 cidades de SP, 305 tiveram pelo menos um caso da doença. Entre os 24.041 confirmados em todo o território, 8.644 dos infectados moravam fora da cidade de São Paulo.O estudo da Unesp elenca quinze cidades que, juntas, concentram 70% do total de casos e mortes em SP.
Brasil
O Ministério da Saúde registrou 71.886 casos de coronavírus e 5.017 mortes da doença no Brasil até as 14h desta terça-feira (27), segundo informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país. Nas últimas 24 horas, foram 5.385 casos novos e 474 novos óbitos.
Dos 71.886 casos confirmados atualmente, 32.544 estão recuperados (45%) do total e 34.325 estão em acompanhamento. Existem ainda 1.156 óbitos que estão em investigação.