Com obesidade mórbida, homem quer ajuda para fazer dieta
A entrevista foi em uma noite quente. Uma onda de calor atinge vários estados brasileiros, e em Itu não é diferente. Todos sentem o impacto das altas temperaturas, que mesmo após do sol se despedir ainda se mantêm abafadas.
Por isso, Acácio dispensa a primeira pergunta: “Tudo bem?”. Não, não está. As temperaturas sufocantes aumentam o sofrimento do homem que luta contra seu próprio corpo, com mais de 270 quilos. O calor aumenta o mal-estar e a dor em feridas e assaduras pelo corpo.
“A última vez que me pesei foi em um ferro velho”, explica, já que uma balança normalmente não alcança seu digito.
Mas o seu peso corpóreo, se limita seus movimentos – ele há vários anos já não consegue caminhar nem tomar banho sozinho, não limita seus sonhos. A sua alma é ainda de um menino que sonha e ama a vida.
“Ih, Dona Rosana, se eu contar a minha história a senhora chora”. Dona Rosana está acostumada, e com ouvidos atentos acompanha a narrativa de Roberto Acácio Henrique de Mendonça, 45 anos.
Ele ama a vida, ama gente, e desde pequeno tinha ânsia de desbravar o mundo. Morador da capital paulista, fugiu de casa com 7 anos. Sua mãe lhe encontrou dias depois em um abrigo.
Com 13 anos, veio morar com uma irmã em Itu, mas após conflitos decidiu morar na rua. Por alguns anos, a lua foi seu teto. Esta experiência foi determinante para que, anos depois, dono de um restaurante, fosse empático com a causa das pessoas em situação de rua.
“Sempre ajudei todo mundo, tinha projeto social, aos domingos as pessoas em situação de rua almoçavam no meu restaurante. Isso que me dói: quem me conhece, sabe que sempre ajudei todo mundo, e hoje, quem precisa de ajuda sou eu…”
Morador do Jardim União, ele diz que com 1m87, não tem genética de obesidade, mas a comida foi a válvula de escape para a dor emocional de perder sua mãe, falecida há 13 anos.
Na pandemia, fechou o Restaurante do Kaká e se tornou ainda mais desanimado diante da vida. A voracidade que sempre teve para viver, foi concentrada no único prazer que lhe restou.
Hoje, ele se arrepende. “Quero deixar um alerta, se a pessoa estiver ficando obesa, se cuida, pois eu nunca pensei que fosse ficar desse jeito, eu queria voltar no tempo e ter feito tudo diferente, não ter me negligenciado desta forma…”, lamenta.
Hoje a sobrinha Graziela alterna os cuidados dele com a amiga Maria que de maneira solidária, lhe faz companhia e o auxilia. “Eu já morei sozinho, e tive um princípio de infarto, morro de medo de ficar sozinho.”
Ele tem outro receio: precisar de atendimento público de saúde. “Sei que não tem uma cadeira em que eu caiba, se eu precisar de um soro, ou uma maca. Esses dias mandaram uma ambulância para me buscar para uma consulta com a dermatologista, e houve diversos transtornos. Um amigo, com obesidade mórbida como eu, Cleiton, sofreu negligência médica e faleceu, recentemente”.
Um médico vem em sua casa há cada quatro meses, lhe passa a receita dos remédios. Ficou decepcionado ao descobrir que está na fila da bariátrica há apenas dois anos, achava que estava há sete.
Há três meses, vive de um salário-mínimo concedido pelo governo. Com ele, tenta pagar contas de luz e água que ficaram atrasadas. Mas não é suficiente para seguir uma dieta. “As coisas são muito caras, já tive vontade de comprar uma laranja e não tinha dinheiro. Eu tenho uma dieta aqui para seguir, mas seriam cerca de R$ 200 semanais, não tenho como. Eu penso em conseguir comprar, começar a seguir a dieta, gravar um vídeo diariamente, mostrando que estou emagrecendo, queria ser um exemplo de superação.”, diz ele.
Força ele tem: a mesma que fez ele sair das ruas e se tornar um comerciante de sucesso, a mesma com a qual ele sempre quis cuidar e proteger todos que amava, a mesma com a qual ele alimentou aos que tinham fome, a mesma que fez ele ser um homem carismático e de personalidade forte, a mesma que fez ele sobreviver ao Covid-19 por quatro vezes, a mesma que faz ele acordar todos os dias querendo viver..
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