Ensine seus filhos a lidar com as emoções – inclusive as desagradáveis

Quando você sente alguma emoção desagradável como a tristeza, por exemplo, como você reage? Você vive essa emoção e busca compreendê-la ou você tenta fugir dela ou mesmo fingir que ela não existe?

A maioria das pessoas parece viver, incansavelmente, em busca de alegria ou felicidade, não se permitindo sentir emoções que causam algum tipo de sofrimento ou desconforto, como se tais emoções não fossem normais e precisassem ser eliminadas a qualquer custo.

Todas as emoções têm uma função importante no momento em que surgem. O medo e a ansiedade, por exemplo, têm função de sobrevivência, quando nos alerta e prepara para os perigos – ou possíveis perigos. A tristeza, por sua vez, pode trazer reflexão e, consequentemente, mudanças pessoais necessárias. A raiva, quando bem dosada, nos ajuda a colocar limites no comportamento do outro e, como consequência, mantemos respeitada  nossa integridade.

As emoções – todas elas – devem ser “ouvidas”, vividas e compreendidas, pois sempre têm uma “mensagem” importante para nós. O problema é a intensidade e frequência delas. Sentir tristeza, por exemplo, é absolutamente normal, mas sentir tristeza intensa, sem causa aparente e com alta frequência, já não é tão normal assim. O mesmo vale para a raiva. É normal sentir raiva, mas não é aceitável reagir desproporcionalmente a ela e ser agressivo com o outro. Emoções vêm, emoções vão, mas quando permanecem por um longo período é sinal de alerta e momento de buscar ajuda.

Acolha, portanto, suas próprias emoções. Acolha as emoções das crianças, também. É possível que muitos adultos não consigam lidar com seus próprios sentimentos, por terem sido reprimidos, não acolhidos e não validados na infância. Desde muito cedo, precisamos ensinar aos pequenos que eles podem e devem sentir medo, raiva, tristeza ou qualquer outra coisa. Não controlamos nossas emoções, mas podemos e devemos aprender a controlar nossas reações diante delas. Mas, se não aprendemos isso, como conseguiremos ensinar? Para ensinar é necessário, antes, aprender.

Quando nossos sentimentos não são acolhidos e validados na infância, crescemos acreditando que sentir emoções desagradáveis é sinal de fraqueza. Não aprendemos a ouvi-las e a lidar com elas de maneira saudável. Tentamos disfarçá-las ou reprimi-las até o momento em que não conseguimos mais suportá-las. Sentir é absolutamente permitido Ao compreender nossas emoções, saberemos lidar adequadamente com elas. Ter saúde mental não é estar feliz o tempo todo. Ter saúde mental é ter autoconhecimento e saber compreender e regular as próprias emoções.

Valide as emoções das crianças e adolescentes. Ajude-os a nomear o que sentem e a entenderem porque sentem, pois somente assim aprenderão a lidar com tudo isso e a terem uma vida mais resiliente. Todos nós vivemos e buscamos a felicidade – é claro que sim! Mas, buscar a felicidade não significa eliminar emoções que fazem parte de nossa natureza e que, quando bem dosadas e compreendidas, podem ser grandes aliadas dessa busca por sermos melhores e vivermos melhores a cada dia.

A partir de hoje, permita-se sentir, então.

Dinorá de Paiva Anastacio

Psicóloga da infância e adolescência

CRP: 06/88549

Instagram: @dinorapsicologa 

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