ESPECIAL DIA DA MULHER: “O empoderamento não é individual”
“Eu sou Mônica Seixas, deputada estadual, e moro em Itu desde pequena. Sou filha de mãe sozinha, que me criou com a ajuda do meu padrasto. Fui a primeira da família a completar o Ensino Médio, apesar de ser caçula. Entrei na faculdade na primeira turma do Prouni, e fui estudar jornalismo pois acreditava que era uma forma de transformar a sociedade.
Sou ativista política desde muito cedo, no grêmio estudantil da escola, com 13 anos. Eu era uma menina negra e pobre, em uma cidade elitizada, em que as escolhas e decisões que influenciavam e organizavam a minha vida não cabiam a mim.
Trabalhei durante anos no Jornal Periscópio, cobrindo a Câmara, até que eu percebi que a minha paixão pela política não cabia nas páginas dos jornais.
Comecei a me articular politicamente e, neste período, eu tive meu filho, e a sociedade trata maternidade como um castigo, né? E daí me vem mais um rótulo: a moça que tem uma vida sexual ativa e foi mãe sozinha. E mesmo com filho no colo, há muitos anos, estou organizando coisas, como os atos contra a falta de água, em 2014. Foi então que eu percebi que a pauta ambiental é uma das mais importantes.
Foi neste mesmo período que aconteceu muitas mudanças políticas. O que eu falo sempre é que o empoderamento não é individual: é um processo coletivo! Mas foi difícil discutir política, pois eu sempre fui tratada como uma menina estridente: isso que se coloca para as mulheres que ousam ocupar um papel de liderança: o rótulo de arrogante.
Em 2016, me candidatei à Prefeitura de Itu, e a partir daí eu pensei muito na questão de renovação política. E foi então que criamos a candidatura coletiva à Assembleia Legislativa, com a Bancada Ativista, em que temos sete mães.
Tivemos 150 mil votos na região, e isto foi uma surpresa para muita gente pois não se bota fé na voz das minorias. Agora o desafio é equilibrar a agenda política com a vida de mãe, pois estou sozinha com o meu filho aqui em São Paulo.
Eu percebo que os mais jovens me olham com admiração, mas eu também sofri bastante violência por ser de esquerda, em uma cidade conservadora em que se elege a direita. Tudo que a gente simboliza não se converte na minha figura, ou na Bancada Ativista, é resultado de muita luta nas ruas de gente que a gente nem conhece: as mulheres organizadas, os negros organizados… e todas as pessoas que sonham com um Estado organizado e menos desigual.”
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