Ex-prefeito de Indaiatuba contesta condenação: “estou indignado”

“Se alguém desta cidade tiver alguma prova de que eu roubei, que vá ao Ministério Público (MP) com as provas e apresente, mas este rótulo de ‘rouba, mas faz’ eu não aceito. Nunca vi um prefeito que roubou deixar a Prefeitura com dinheiro em caixa”, afirmou na manhã desta quinta-feira (9) o ex-prefeito e ex-deputado federal Reinaldo Nogueira (PV), em entrevista coletiva para se defender da condenação de 23 anos e quatro meses. O advogado João Carlos Faria da Costa também participou e afirmou que o recurso contra a decisão foi apresentado no mesmo dia, mas não há prazos para uma resposta. Recentemente, Nogueira também foi condenado a 15 anos em outro processo.

“Acredito na minha absolvição, ainda tenho fé na Justiça”, diz. “Não desejo [prisão] nem para o meu pior inimigo, nem para a pessoa que deseja a minha morte. Mas foi uma coisa que a gente passou”, revela. “O MP acusa com o mínimo de provas. Acho que a Justiça tem que ter mais responsabilidade. Nas duas prisões – que foram em ano eleitoral -, eu ganhei no Tribunal de Justiça por cinco votos a zero, decisões de dois ministros.”

Processo

Nogueira afirmou que é inocente. “Está mais do que provado, material e testemunhal, que a área não pertencia à minha família. Aquela zona é industrial desde a década de 1970. Em 2009 houve um pedido de regularização e o departamento técnico da Prefeitura atendeu. Meu pai sempre atuou nesta área de compra e venda de imóveis, mas este terreno vendeu em 2005, com escrituração em 2006”, conta.

“Houve um laudo e a perícia indicou que não houve superfaturamento. Eles constataram que o preço era abaixo do mercado, pertinente e que houve o melhor aproveitamento possível. Este laudo foi homologado pelo juiz, mas ele não considerou na decisão, foi apenas pela acusação do promotor. Estou indignado. Agimos corretamente. Tenho a consciência tranquila.”

O ex-prefeito afirma que quem “saiu ganhando” foi a Prefeitura, que terá “R$ 4 milhões de lucro no Dimpe II”[empreendimento que será construído no local]. “A Prefeitura não está aí para ter lucro, mas nestes casos dos Dimpes [Distrito Industrial de Micros e Pequenas Empresas], o lucro do Dimpe um foi para um fundo que constrói o Dimpe dois e o lucro deste vai para o Dimpe três”, explica.

“Tenho certeza que vamos ganhar este recurso pelas provas materiais contra esta acusação. Não sei como estão os outros [seis] processos. Mas se continuar assim, vou ter que entrar com outros recursos. Agora você pega Indaiatuba e vê. Se houvesse corrupção, não teria dinheiro em caixa para investir. Nenhuma das nossas licitações foi contestada pelo Tribunal de Contas e nossas obras sempre tiveram uma margem muito barata, por isso, nem haveria espaço para desvio.”

Carreira política

Nogueira confirma que queria ser senador, mas especula que as ações começaram depois que ele “mexeu com gente grande”. “Abandonei de ser candidato, porque eu poderia ser. Apesar das condenações, não sou ficha suja. Na atual conjuntura, já fui deputado, sei como funciona, mas vivo em um inferno judicial, gastando tempo para defesa. Respeitando também uma decisão familiar, resolvi não me candidatar.”

Sobre a aproximação com a atual administração, Reinaldo afirma que se distanciou do governo. “Tenho medidas cautelares para cumprir. Não posso nem ir no prédio da Prefeitura. Por isso, resolvi fazer apenas o meu papel como cidadão. O [Nilson] Gaspar [prefeito, MDB] é capaz de administrar a cidade. Nos encontramos às vezes em um restaurante e conversamos um pouco e eu ajudo no que eu posso. Quando me chegam pedidos, encaminho.”

Nas eleições, ele diz que vai apoiar o irmão e que não foi chamado pelo partido para discutir cenários locais. “Pelo que vi dos presidenciáveis, são todos muito superficiais, ninguém tem uma proposta para economia. Você acha que precisa de 39 ministérios? Eu nem sei todos que tem. Teria que ter uns 10, no máximo 12. São situações que vai inchando.”

(Informações e fotos: Ricardo Miranda/Comando Notícia)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *