Funções materna e paterna – divisão ou parceria?
Após domingo de dia das mães, eu quero com este texto trazer algumas reflexões sobre ser mãe – e, também, sobre ser pai. Algumas reflexões ainda polêmicas, que talvez façam sentido, ou não, para você.
Afinal, a maneira como vemos os papeis parentais depende muito de nossa própria história, de nossas próprias experiências, de como fomos educados, de nossa cultura, religião e valores.
Em momentos mais antigos (e nem tão antigos assim), a mãe era quem assumia toda a educação dos filhos – cuidava, alimentava, educava, auxiliava nos deveres de casa e era a principal figura de afeto. A mãe não trabalhava fora e era, na maioria dos casos, submissa e dependente do marido. O pai, por sua vez, era o provedor – quem saía de casa para trabalhar e sustentar financeiramente a família. Os papeis materno e paterno, portanto, eram bem divididos e definidos.
Nos dias atuais vemos, com muito mais frequência, mães que também trabalham fora e que possuem independência financeira, assim como os pais. Também vemos pais que, assim como as mães, educam e cuidam de seus filhos: trocam fraldas, alimentam, dão banho, levam ao médico e à escola, educam e são figuras de afeto.
Mas, mesmo com tantas mudanças, ainda vemos famílias onde as mães estão sobrecarregadas. Afinal, possuem dupla jornada de trabalho, dentro e fora de casa. Algumas, com total parceria do pai em todas as tarefas domésticas e de educação de filhos. Outras, com pouca ou nenhuma parceria. Neste último caso, ainda prevalecem modelos antigos de papeis familiares, nos quais as mães ainda são responsáveis por quase todas as tarefas domésticas e de educação de filhos.
Dizem por aí que, “nasce uma mãe, nasce uma culpa”. Na verdade, nascem muitas culpas. Infelizmente, nossa sociedade ainda vê a mãe como a principal responsável pela educação dos filhos. E na era atual, ela não é mais e não deve ser a única responsável. O pai não deve ser aquele que “ajuda”, mas o que soma. A educação dos filhos não deve ser mais uma divisão. Não temos mais tempo nem espaço para divisões. Esta é a era atual, você gostando ou não, e isso vale para todos os modelos de família. Mesmo que os pais sejam separados, ainda assim a responsabilidade na educação dos filhos deve (ou deveria) ser uma parceria.
É claro que eu sei que o que digo aqui é um ideal talvez ainda longe de ser alcançado em todas as famílias. Em algumas, já é absolutamente possível e, em outras, infelizmente não. Mães e pais devem assumir seus papeis na educação de filhos e em tarefas domésticas. É obvio que existem situações muito específicas, como por exemplo em casos de famílias nas quais um dos responsáveis decidem não trabalhar fora, o que certamente gera uma divisão mais definida de tarefas. Mas não são regras e não devem ser regras! Não existem e não há mais espaço para esse tipo de regra! Não existem mais tarefas da mulher e tarefas do homem. Não existem mais tarefas da mãe e tarefas do pai.
Quando o assunto é educação de filhos, ambos os responsáveis devem ser interessados e participativos. Ambos devem “colocar a mão na massa” – em qualquer situação – e serem parceiros. Se isso ainda não acontece na sua casa, você não está sozinha(o). Tal mudança tem sido gradativa, porém ela também depende de você e da sua postura diante dela.
Pais, sejam parceiros! Mães, culpem-se menos. E repetindo, você pode concordar ou não comigo, mas não podemos mudar a realidade que caminha, fortemente, pela igualdade de papeis parentais entre homens e mulheres, entre pais e mães. Se você tem filho, reflita: a educação que ele recebe tem sido uma divisão ou uma parceria?
Dinorá de Paiva Anastacio
Psicóloga da infância e adolescência
CRP: 06/88549
Instagram: @dinorapsicologa
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