Menos é mais…

Enquanto as classes inferiores tomam suas decisões baseadas na emoção, as pessoas de classe mais alta utilizam a razão

Nos últimos 5 anos, entre 2017 e 2022, a nossa moeda, o real, perdeu 31,32% do seu valor, isso porque a inflação nesse período só aumentou, acumulando uma alta de 12,03% em 12 meses, fazendo com que o dinheiro passasse a valer cada vez menos.

Considerando uma nota de 100 reais hoje, por exemplo,  ela já teve um valor equivalente a 111,30 no passado, se voltarmos ainda mais no tempo, vamos ver que a mesma nota chegou a valer 127,58 em 2018, e quase 172 em 2013. Assim, o que era possível comprar com essa nota anos atrás era maior do que é possível comprar hoje com o mesmo dinheiro. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), se a inflação sobe 10%, ela corrói 5% do salário da população.

Mais do que isso, alguns dos serviços mais usados pela população, como gás de cozinha, eletricidade e aluguel, sofreram reajustes e tiveram seus preços aumentados também,  fazendo com que algumas pessoas passassem a  escolher o que comprar e pagar, para as contas ficarem dentro do orçamento familiar. É o que vemos acontecer com a alta dos preços dos produtos dentro do supermercado, como a renda das famílias não aumentou, alguns itens começaram a ser priorizados em relação a outros, para tudo caber dentro do bolso e o mais importante não ficar de fora.

Com essa alta de preços, as pessoas saem do supermercado com os carrinhos mais vazios, em relação a anos atrás. De acordo com o Procon (Serviço de Proteção e Defesa do Consumidor), as variações de preços dos produtos aconteceram por motivos variados, seja pelo excesso de produtos disponíveis ou pela falta deles, há ainda questões como variações do câmbio, formação de estoques, alteração no câmbio, além de questões sazonais e climáticas que também devem ser consideradas.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria, no final de abril, mais de 60% da população brasileira precisou cortar seus gastos nos últimos 6 meses. As famílias de classe baixa foram as que mais sofreram, isso porque elas sentem mais o impacto na alta dos preços, que acontece  de forma generalizada, isso porque elas recebem salários mais baixos, o que reduz a quantidade de produtos e serviços que elas compram e usam agora em relação a anos atrás, quando o salário mínimo tirava as pessoas da miséria, e hoje não paga nem os produtos da cesta básica.

Diante dessas restrições, vemos ainda um aumento no endividamento das famílias. Para conseguir sobreviver com o mesmo dinheiro até o final do mês e driblar a falta de dinheiro, elas passaram a escolher as contas a serem pagas e cortar gastos como alimentação fora de casa, compras de roupas e sapatos, ou idas ao salão de beleza. Com a dificuldade de montar um planejamento financeiro de longo prazo, isso faz com que essas pessoas lutem para resolver o curto prazo, enquanto famílias de renda mais elevada têm como objetivo conquistar uma aposentadoria, guardar dinheiro ou planejar uma viagem, por exemplo.

 E por que essa diferença? Porque as realidades de cada um é diferente, as pessoas de classe mais baixa pensam em pagar a conta do supermercado, em comprar uma casa própria, pagar a prestação do carro. Enquanto as de classe mais alta se preocupam com o que está além disso, porque o básico já está garantido, o que não acontece para as famílias de renda inferior. As classes mais baixas definem suas metas de acordo com o que eles sabem que podem ser realizadas.

Há mais de 100 diferenças em como as pessoas enxergam o dinheiro. Enquanto as classes inferiores tomam suas decisões baseadas na emoção, as pessoas de classe mais alta utilizam a lógica, assim, elas trabalham na criação de mais recursos para ganhar dinheiro e ganhar mais com os recursos que tem. Os ricos entendem que é preciso querer mais o dinheiro do que as coisas que você pode comprar com ele. Quanto mais você compra, menos o dinheiro volta, é uma via de mão única, um caminho sem volta. A diferença está na escolha de prioridades e daquilo que se quer conquistar. Para Calvin Colidge, ex-presidente dos Estados Unidos, “não há dignidade tão  impressionante nem independência tão importante do que viver com seus recursos”.

Érica Gregorio, jornalista, estudante de Sociologia, escreve periodicamente no seu blog ericagregorio.com

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