O medo generalizado após o massacre na escola em Blumenau

O massacre ocorrido na escola em Blumenau-SC, no dia 05 de abril, foi uma das piores notícias que recebemos nos últimos tempos. Um ato absolutamente desumano, que causou imenso sofrimento e devastou famílias. Um acontecimento que chocou o país inteiro e, muito além disso, provocou um pânico generalizado em mães, pais, famílias e profissionais de escolas. Se você tem uma criança ou adolescente como filho ou ente querido, que frequenta uma escola, com certeza você sentiu e ainda sente medo.

Vamos entender este sentimento, primeiro. O medo é uma emoção natural, que tem função protetiva. O ambiente escolar, local onde deixamos nossos filhos todos os dias, é um dos locais onde, provavelmente, mais sentimos segurança em deixá-los, após nossa própria casa. No entanto, saber que crianças foram mortas dentro da própria escola estremeceu esse sentimento de segurança e gerou medo. Tal sentimento tem a função (absolutamente natural) de motivar-nos a evitar que novos episódios como este ocorram, buscando estratégias de segurança para nossos filhos. Hoje, vemos escolas públicas e privadas buscando reforçar tais estratégias.

O medo é, portanto, normal e natural. No entanto, quando foi somado às ameaças de novos massacres, tal medo provocou um pânico generalizado. Muitas dessas ameaças foram – e ainda estão sendo – disseminadas por falsas notícias. Quando já estamos sensibilizados por uma tragédia, a dúvida sobre a possibilidade de ocorrência de novos massacres intensifica o medo. A incerteza e a impotência transformam o medo em pânico.

Precisamos, neste momento, ter calma e cautela. Sabemos que não devemos confiar em tudo o que recebemos via redes sociais. Portanto, caso você receba alguma notícia sobre a possibilidade de novos ataques em escolas, antes de se desesperar e passá-la adiante para outras famílias já sensibilizadas e desesperadas, busque saber a veracidade dela. Encaminhe o conteúdo da notícia para órgãos competentes de investigação.

É momento de acolhimento e empatia. É momento de usarmos nosso medo para amenizar riscos e sofrimentos, para pensar em estratégias de enfrentamento e não para aumentar o pânico já intenso. Ações de segurança nas escolas são importantes, sem nenhuma dúvida, mas enquanto mães e pais devemos nos preocupar, também, em cuidar do nosso pequeno ambiente – nossa casa, nossa família, nossos filhos.

Aproxime-se de seu filho! Busque saber o tipo de conteúdo que ele consome na internet. Esteja atento aos interesses dele. Dialogue mais. Observe mais. Reveja a educação que você dá a ele e intensifique o ensinamento de valores como empatia, respeito, generosidade. Seja presente! 

Nossos filhos são nosso futuro. Se educarmos com qualidade, visando a saúde mental de crianças e adolescentes, teremos um futuro com mais saúde mental, mais empatia, mais respeito, mais amor. Portanto, nosso futuro depende de nós e do que praticamos e ensinamos em nosso pequeno ambiente. Reforçar a segurança nas escolas é medida imediata, a curto prazo, mas que não resolve o problema de base. Por outro lado, cuidar da educação de filhos com mais presença, afeto, valores e educação de qualidade, visando sua saúde mental, é medida que terá efeitos futuros muito mais eficazes e duradouros.

Eduquemos, portanto, para que nosso futuro seja repleto de pessoas realmente humanas e mentalmente saudáveis. É o que podemos e devemos fazer, enquanto mães e pais, o mais urgentemente possível.

Dinorá de Paiva Anastácio

Psicóloga da infância e adolescência

CRP: 06/88549

Instagram: @dinorapsicologa

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