Projeto encerra ciclo de estudos com adolescentes de Escolas Públicas de Itu
O Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu encerra neste mês de março as atividades letivas de um de seus ciclos de estudos com adolescentes de escolas públicas de Itu patrocinado pelo CONDECA/Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescentes e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social.
Visando a inserção desses adolescentes em situação de vulnerabilidade social o Projeto tem em sua grade curricular matérias desde reforço de Português e Matemática até Educação Patrimonial, AutoCad, Restauro em Marcenaria, Alvenaria, Pintura e outras mais além de todo um atendimento dado pela Prefeitura Municipal de Itu através da Secretaria Municipal de Saúde como previsto na Lei complementar 770/2.006.
Peças históricas foram restauradas, como a porta balcão de 1872 do Salão Nobre do Regimento Deodoro, e a mesa de 1890 do Colégio São Luis de Itu. O prazo de execução convênio assinado com o CONDECA termina em meados de 2021, e foi retomado desde setembro, após um período de paralisação pela pandemia do Covid-19.
As aulas mudaram a percepção dos jovens alunos sobre a importância histórica de Itu e seu patrimônio histórico edificado. “Agora eu tenho um outro olhar sobre a preservação dos imóveis”, diz Pedro Paulo de Moraes Modena. “Foi bem inovador tudo isso para mim, agora eu valorizo essas questões históricas”, diz Anderson Rafael Domingos Silva.
O jovem Renato da Silva Machado quer ser engenheiro civil e se sente feliz por ter aprendido já Autocad, projeto e leitura de projetos, além de hidráulica predial. “Isso vai ajudar muito a gente”, diz.
Presente no encerramento das aulas, José Antonio Friguetto, coordenador de um projeto similar em Santana de Parnaíba, elogia o núcleo de Itu. “Lá o projeto já mudou bastante pois é parte da prefeitura, aqui eles conseguiram uma independência do setor público, isso é bem inovador.”
O Museu do Louvre e as origens do Projeto Oficina Escola
A filosofia do Projeto Oficina Escola nasceu em 1969 pelas mãos do restaurador mineiro, Jair Afonso Ignácio. “Ele era afrodescendente, órfão de pai e irmão mais velho de cinco filhos. Superdotado, autodidata Jair Afonso estudou línguas e artes em Ouro Preto. Foi descoberto por Germain Bazin e Rodrigo de Mello Franco, o primeiro curador do Museu do Louvre e o segundo Presidente do SPHAN, atualmente IPHAN, quando trabalhava na restauração da igreja Matriz de Ouro Preto. Em 1961 com Bolsa de Estudos da Fundação Rockfeller, foi estudar restauração em Bruxelas, tornando-se uma das maiores referencias mundiais nessa área, explica o coordenador do POEAO, o engenheiro Raul de Souza Almeida.
Ao retornar a Ouro Preto implantou na FAOP – Fundação de Arte de Ouro Preto, um curso para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social onde começou a ensinar a primorosa arte da restauração. Nessa cidade, viveu até morrer, em 1982, com apenas 50 anos.
Inspirado em seu trabalho foi criado em Itu o POEAO no ano de 2006.