Saúde Mental e Gestação, por que precisamos olhar para isso?

Você, assim como eu, pode pensar que a gestação é um momento de muita felicidade e plenitude na vida de uma mulher. Da mesma forma que mudei esse pensamento, quero te fazer mudar também. Segue aqui para entender melhor.

Socialmente a mulher grávida é vista como uma pessoa vivendo um momento lindo, ou melhor, o momento mais especial da vida dela. Esse é um conhecimento transmitido através da nossa cultura e até mesmo tido como uma verdade. E nós não o questionamos, tomamos como verdade mesmo e continuamos o perpetuando.

Mas deixa eu te mostrar o que dados científicos nos trazem sobre a gestação de mulheres brasileiras: 60% das grávidas no Brasil, apresentam algum sintoma de estresse em algum nível, 35% delas apresentam sintomas de alta ansiedade e 25% (1 a cada 4) apresentam sintomas de depressão.

Você imaginava algo assim? Pois é, não imaginamos mesmo, afinal, entendemos que é um momento maravilhoso para aquela família. E pode ser maravilhoso mesmo, mas não necessariamente o tempo todo.

Um ponto que considero importante de lembrarmos sempre é que a mulher gestante não está imune aos acontecimentos da vida, ela pode passar por situações de estresse elevado, pode sofrer alguma tragédia (você tem noção de quantas gestantes foram afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul?), pode perder entes queridos e tantos outros acontecimentos que são normais (mesmo não sendo bons) de acontecerem na vida de qualquer ser humano.

Além disso, o índice de gestações não planejadas é de 51%, ou seja, mais da metade. O impacto de uma gestação na vida profissional de uma mulher pode ser devastador (conversaremos sobre isso em outro momento). Mulheres que já tinham algum diagnóstico em saúde mental antes da gestação podem apresentar piora. Psiquicamente, o período de gestação e pós-parto é um período potencial de crise. E vários outros fatores que podem contribuir para que a experiência de gestar não seja assim, tão plena e feliz.

Meu objetivo com esse texto é oferecer uma visão para além do que aprendemos culturalmente, que tal olhar para cada pessoa gestante a partir do ponto de vista dela? Que tal tomar cuidado para não cair em generalizações e sem querer, potencializar algum sintoma para aquela pessoa?

Que tal olhar para uma gestante com um olhar de curiosidade e oferecer espaço para ela contar como a gestação tem sido de verdade? E saiba que, você não precisa falar nada, apenas escutar. Vamos juntos?

Suellen Rosana Costa Amaral, Psicóloga especializada em Saúde da Mulher, Doula e Educadora Perinatal GentleBirth. Representante da Campanha Maio Furta-cor em Salto e Itu desde 2022.

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