Três casais: três lindas histórias de amor
Neste Dia dos Namorados, o Jornal de Itu foi buscar três histórias inspiradoras; três relacionamentos que passaram por diversos desafios e seguem, construindo a cada dia um novo começo e uma novo motivo para seguir adiante. Pois sim, perseverar em tempos de “amores líquidos”, é um grande desafio, mas como mostram os nossos depoimentos, vale à pena!
Bia & Edgar
Bia aproveitou uma reunião de amigos para entregar uma carta para Edgar, discretamente, no fim da noite. Nela dizia o quanto gostava de sua companhia, da rotina na amizade que já durava alguns anos. E que, de uns tempos para cá, havia começado a ver nele mais do que um amigo. Quando confidenciou para a mãe a entrega da correspondência, foi repreendida. “Ele é muito novo para você. Sobre o que vocês irão conversar?”, questionou Dona Lourdes. Pois bem, logo após Dona Lourdes entendeu que havia sim muito assunto, e esta história já dura 11 anos, e foi brindada com a chegada do filho do casal, João Pedro.
Após 24 horas da chegada de JP, eles foram comunicados que ele tinha Síndrome de Down. Isso levou uma corrida para diversos médicos, algumas cirurgias, terapias, entre outro. O casal batalha para se informar e dar o melhor para o filho, mas sempre que pode faz programas a dois, como ir em musicais.
“Passamos por provas diárias de comprometimento, parceria, é muito mais forte do que um amor de casal apenas no sentido sexual e emocional. Se eu pudesse escolher um pai para o João, não escolheria tão bem como é o Edgar. E isso não quer dizer que não há brigas: nós dois somos de Touro, personalidades fortíssimas, os dois teimosos, é tudo muito intenso…”, explica Bia.
“É um teste diário. Em uma das cirurgias mais difíceis em que o João passou, o médico nos disse que ele estava lutando bravamente para ficar com a gente, pois sentia esse nosso amor. E eu acho que a Bia é muito passional, não haveria pessoa melhor para defender o João. Me orgulho demais da pessoa que ela é, todos os dias”, finaliza Edgar.
Maristela & Marcelo
Maristela já conhecia Marcelo do Centro Espírita em que ambos frequentam. Aos 31 anos, ela não acreditava no amor. “Eu ia na psicóloga e dizia: isto é invenção da sociedade, não existe. Não acreditava no amor e me considerava uma mulher bem resolvida, que vivia muito bem sozinha. Eu gostava de viajar, estudar”.
Um dia, porém, se encontraram no shopping a tarde e depois ela foi assistir a uma palestra dele, no Reviver. No outro dia começaram a conversar por Whats app. O assunto girava em torno da palestra de Marcelo e era despretensioso. Mas conversa vem, conversa vai, se tornou um encontro para caminhar juntos, e era o início de uma linda história.
E Maristela, claro, mudou de opinião. “Quando eu olhei dentro dos olhos dele, na primeira vez em que ficamos juntos, eu me encontrei. Foi totalmente diferente de tudo que eu já tinha vivido. Nós somos muito parceiros, companheiros um do outro”.
Marcelo já tinha sido casado e tem três filhos, e se encantou com a doçura e simpatia de Maristela. “Quando passa a primeira fase, a do encantamento inicial, a gente encontra o verdadeiro sentido do amor. A gente aprende muito no relacionamento há dois: a tolerância, a paciência, descobre que as pessoas não são perfeitas, assim como você também não é. E sabe que ninguém muda ninguém”.
Marcelo deixa uma mensagem final: “Os relacionamentos merecem perseverança. O amor é o tempero de todas as relações dos seres humanos”.
Allan & Júnior
Allan pertence a uma família religiosa: católicos e evangélicos. Ele também era frequentador assíduo de missas, e por isso a descoberta e aceitação de si mesmo foi um pouco dolorida. “Eu achava que Deus iria me odiar se eu assumisse a minha homossexualidade, e me sentia muito culpado”.
Nesta confusão de sentimentos, se apaixonou e foi abandonado. A partir daí resolveu que relacionamentos seriam apenas superficiais. Foi neste período que conheceu Júnior, em um aplicativo de relacionamento. Saíram uma, duas, três vezes, e chegou o momento de encerrar aquilo que estava ficando muito sério. “Eu expliquei para ele que se continuássemos ele iria sofrer, apesar de amá-lo eu preferia me afastar. Pedi para ele descer do carro e sai, e ele correu três quarteirões atrás do meu veículo”, recorda.
Depois daquele dia, ele percebeu que era tarde para voltar atrás. Se assumiram e logo depois foram morar juntos. Isso já faz cinco anos. “Meu pai não aceitou e minha mãe prefere ignorar”, conta Júnior. A família de Allan prefere ver Junior apenas como um amigo, mas há uma boa convivência. “Eles gostam muito dele”.
Júnior lembra que no início houve muita luta, não apenas com a família dos dois, mas com amigos. “Este meio é muito complicado. Houve muita perseguição contra a gente, e eu nunca entendi”. Allan destaca que os dois são discretos, mas se alguém pergunta não escondem que são mais do que amigos.
E desabafa: ”não consigo entender o motivo que o nosso relacionamento, o fato de a gente se amar e viver juntos, pode incomodar tanto as outras pessoas. Não fazemos mal a ninguém. Acho que cada um precisa buscar a própria felicidade em vez de se incomodar com a do outro”.