A precarização do transporte público: um plano de governo?
Nesta segunda-feira, milhares de moradores de Itu que usaram o transporte público tiveram que arcar com um reajuste de 25%: de R$ 4,00, a passagem passou a custar R$ 5,00. Além disso, usuários ouvidos pelo Jornal de Itu reclamam da demora entre um veículo e outro.
“Antes demorava, mas depois da pandemia piorou. Ás vezes as pessoas começam a reclamar com os motoristas, mas eles não têm culpa”, conta Patricia Ramalho, que trabalha no centro e mora na Vila Martins. O vendedor Adriano faz o caminho inverso: mora no Jardim Agarussi e vai trabalhar na Cidade Nova. “Chego a esperar uma hora no terminal. E a gente não vê ninguém limpando os ônibus”, lamenta.
Outra reclamação é que a Viação Itu/Avante tirou o desconto que dava para quem carregasse o cartão. “Antes a gente carregava para o mês todo e tinha desconto: ficava R$ 3,80. Eu fui carregar e descobri que não tinha mais desconto, agora é preço cheio. E se comprar pelo site tem que pagar um valor a mais”, reclama a corretora Rose.
Outro fato que desagradou os passageiros é que a concessionária, desde 1º abril , permite a integração no Terminal Pirapitingui somente pela porta dianteira e para quem tem o cartão.
Apenas no Terminal passam cerca de 8 mil pessoas por dia e são atendidas 15 linhas de ônibus. São trabalhadores que se vem sem alternativa e reféns de um sistema econômico que prejudica o mais pobre: o que trabalha em comércio e tem pouca ou nenhuma alternativa de transporte.
Para quem pensou em “Uber”, essa alternativa entre Pirapitingui, região que reside cerca de 70 mil pessoas, e Centro é inviável, pois o trecho chega a R$ 60 dependendo o horário.
Respostas
A assessoria do Grupo Belarmino, que inclui entre dezenas de empresas, as Viações Itu e Avante, esclareceu ao Jornal de Itu que a política tarifária do município é responsabilidade do prefeito e sua equipe. “Não há mais o desconto pois o decreto municipal que concedia o aumento não prevê esta concessão. Os horários do ônibus também são estipulados por eles”, explica. Ele também diz que a limpeza dos ônibus é feita na garagem e que qualquer um pode ir conferir; quanto à falha em horários de ônibus é preciso relatar dia, horário e linha para que o possível erro seja verificado.
Desvantagens e jogos políticos?
Mas por que tudo isso acontece às vésperas do fim do contrato com a atual empresas de ônibus, pertencentes ao Grupo Belarmino. Ou seja, a Prefeitura teria permitido aumentos e outras mudanças desfavoráveis ao trabalhador, sendo que poderia simplesmente negar, pois o contrato já está no fim, após vinte anos.
O que levaria o governo municipal a, aparentemente, conceder desvantagens deliberadas ao trabalhador? Uma fonte ouvida pelo Jornal de Itu afirmou que tudo isso pode ser parte de uma estratégia política: quando pior, melhor.
“Se observamos as falas sincronizadas dos vereadores de situação na última sessão, apontando falhas das Viações atuais, fazendo comparativos (que já estavam prontos) de que a passagem de Itu se tornou a mais cara da região, percebemos que a Prefeitura planejou este aumento e sabe que a repercussão será bem negativa”, diz. “Nos próximos meses, haverá a licitação de uma nova empresa que virá com vantagens perante a esta: mais ônibus, passagens mais baratas – o que diante dos R$ 5 se torna fácil; entre outros. Então, o prefeito Guilherme Gazzola aparentará ser um grande gestor que beneficia a população com a mudança, mas até lá a ideia seria precarizar ao máximo o serviço, para que a próxima empresa pareça, realmente, ser uma grande conquista deste governo”, diz.
Entramos em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura com alguns questionamentos, mas não tivemos retorno até a publicação desta matéria.
A passagem não pode custar mais caro do que um litro de óleo diesel.
Não tem lógica uma coisa dessas.
Aí tem coisa errada.
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