Brasileiros pagaram R$ 475,6 bilhões de juros em 2017

Após a maior recessão econômica da história do Brasil, as taxas de juros no País seguem em níveis elevados. Em 2017, as empresas e famílias brasileiras pagaram, juntas, R$ 475,6 bilhões em juros, alta real de 11,8% em relação ao ano anterior. O valor corresponde a 7,3% do produto interno bruto (PIB) de 2017. Os dados foram obtidos com base no estudo sobre os impactos recentes do crédito sobre as empresas e famílias no Brasil realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O estudo mostra que houve aumento no montante de juros pagos, apesar do ciclo de quedas na Selic e da própria redução na oferta total de empréstimos. No ano passado, as famílias brasileiras pagaram R$ 354,8 bilhões em juros, alta real de 17,9% em relação a 2016, e que corresponde a 10,8% da renda anual das famílias. Isso significa que o pagamento de juros, em termos individuais, representou um dos maiores itens de despesa das famílias, superando o dispêndio total por ano com grupos de itens de gastos domésticos, como de educação e vestuário.

Para se ter uma ideia do valor gasto, a soma dos juros pagos pelas famílias representa 372 milhões de vezes o valor do salário mínimo atual (R$ 954); ou, ainda, 82 vezes maior que o valor da seleção brasileira da Copa de 2018 (981 milhões de euros, equivalente a R$ 4,3 bilhões). Com esse valor, daria ainda para custear 8,6 Olímpiadas do Rio de Janeiro (R$ 41 bilhões).

Para a Federação, as altas taxas de juros praticadas no Brasil são consequência direta do descontrole das contas públicas, geradora de déficits anuais expressivos que inflam uma dívida crescente e gigantesca a ser financiada diariamente no mercado, com juros elevados pelo risco de descontrole. Esse processo acaba por gerar a sistemática perda de confiança dos agentes econômicos, extremamente sensíveis à postura das autoridades econômicas em relação ao problema fiscal, que resulta em percepção de risco a ser coberta por maiores juros, num círculo vicioso perverso. Isso também torna o setor público o maior tomador de crédito, no qual os recursos são escassos, colaborando para fixação de um piso elevado para todos os demais tomadores.

(Informações: Fecomercio/ Imagem: Reprodução Internet)

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