Nacionalismo, patriotismo e o bem comum…
Recentemente, o governo Trump adotou tarifas sobre as exportações brasileiras, medida que gerou muita polêmica dentro do país. Curiosamente, muitas pessoas que se autointitulam nacionalistas apoiaram a decisão, mesmo que ela seja prejudicial ao Brasil. Surge então uma contradição: como se pode defender o interesse nacional apoiando algo que enfraquece a própria economia?
Esse tipo de postura mostra como o debate político tem sido, muitas vezes, pautado mais por afinidades ideológicas do que pelo real impacto das decisões. Se o presidente fosse de outro partido, provavelmente a mesma medida seria criticada com veemência. No fundo, parece importar menos o resultado concreto para o país e mais a necessidade de “ter razão” ou de se alinhar a uma figura política.
Mas afinal, o que é ser nacionalista ou patriota? Nacionalismo, em essência, deveria ser a defesa da soberania e do fortalecimento interno do país. Patriotismo, por sua vez, está ligado ao amor pela nação e à preocupação com o bem-estar coletivo. Nenhum desses conceitos se sustenta quando o apoio a decisões externas ou internas é motivado por rivalidades partidárias, e não pela busca do que realmente beneficia o Brasil.
Mais do que esquerda ou direita, ser patriota é pensar no bem comum. É colocar o país acima das disputas ideológicas, reconhecendo que nem toda medida “do meu lado” é boa e que nem toda ação “do outro lado” é ruim. Quando a política se torna um jogo de torcida, todos perdem. O verdadeiro patriotismo exige maturidade: de enxergar além da bandeira partidária e avaliar, com senso crítico, o que de fato ajuda a construir para um futuro melhor do país.
Isso mostra como, muitas vezes, as discussões políticas se tornam reféns de rivalidades partidárias. A questão deixa de ser o que é bom ou ruim para o país, e passa a ser quem está no poder. É um exemplo claro de como a necessidade de estar certo pode falar mais alto do que a responsabilidade de pensa no bem para todos.
Refletir sobre isso é essencial, porque o verdadeiro amor à pátria não se mede por lealdade a líderes ou partidos, mas pela capacidade de colocar o interesse coletivo acima das preferências individuais. Nacionalismo ou patriotismo, quando bem compreendidos, devem sempre apontar para o bem comum, para a busca de soluções que fortaleçam o país em vez de enfraquecê-lo.
No fim das contas, ser patriota é ter maturidade política, para saber avaliar com equilíbrio cada decisão, sem torcidas, mas com consciência de que o futuro da nação depende da nossa capacidade de pensar além das disputas ideológicas.
O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou recentemente que “pacificar é compreender e respeitar o outro em suas diferenças”. Isso não implica concordar, mas sim respeitar a opinião do outro, mesmo que divergente. Não é necessário que todos tenham a mesma visão sobre tudo, pois cada pessoa tem sua perspectiva única. Ninguém está absolutamente certo ou errado; apenas vemos as coisas de ângulos diferentes, o que é fundamental para a democracia. Essa atitude promove a coexistência harmoniosa e o respeito mútuo entre todos, valores essenciais para a vida em sociedade.
Erica Gregorio jornalista, socióloga, escreve periodicamente em seu blog ericagregorio.com
