Tony Fernandes: um jornalista de Itu que ganhou o mundo

“Tony Fernandes, 37. Jornalista. A escolha do país surgiu de um velho sonho que eu tinha de morar nos EUA. Eu iniciei os preparativos para conseguir o visto em dezembro 2015, o qual eu obtive no fim do ano seguinte. O processo todo demorou cerca de um ano. Como eu tinha medo de ter o visto negado, contratei um advogado especializado em imigração pra me auxiliar com a documentação. Contudo, eu vinha me preparando (estudando inglês e buscando informações de como emigrar pros EUA) pra essa viagem desde 2012, quando eu decidi que, após a conclusão da faculdade, eu viria pra América. Estou morando aqui desde fevereiro de 2017, vim com a minha irmã mais nova. Na verdade não tive nenhuma dificuldade em me adaptar. O único inconveniente é o clima frio no inverno. Muitas coisas boas me aconteceram aqui, mas sem dúvida, a melhor delas foi construir uma família e ter um filho. Além disso, estou tendo oportunidade de conhecer e fazer amizade com pessoas do mundo todo, o que está sendo uma experiência incrível.
Moro em Pittsburg, cidade que fica na Bay Area, a cinquenta km de San Francisco. Amo o meu país, mas não penso em voltar a morar no Brasil.
Sou apaixonado por BMW, sempre quis ter. Em janeiro do ano passado comprei uma 328i. Esse foi um dos dias mais felizes da minha vida. Realmente no Brasil seria muito difícil eu realizar esse sonho uma vez que aí ele custaria em torno de 80 mil reais, ao passo que aqui, o preço é 1/3 disso.”

O depoimento acima deveria ter sido publicado no domingo, 29. Era uma reportagem especial sobre ituanos que moram no exterior. Mas Tony sofreu um acidente na sexta-feira, capotou o carro que dirigia (a suspeita é de que tenha passado mal, devido a sua diabetes) e sofreu morte cerebral.
Nas próximas horas, seus órgãos serão doados e os aparelhos deverão ser desligados, já que seu pulmão não reagiu ao ficar sem eles.
Tony foi meu aluno no curso de Jornalismo. Um dos melhores alunos. Não por mérito meu, pois ele já chegou pronto na sala de aula. Morava na Cidade Nova e trabalhava andando de ônibus. Era freela de rádios e jornais da cidade e conversamos quando ele rejeitou um emprego no Jornal Periscópio, um grande feito para um estudante de jornalismo: achava que com os freelas ganharia mais e tinha outros planos, mais audaciosos. Os realizou: foi da linha de ônibus 47 até uma BMW. Foi muito mais além do que a maioria consegue ir. Conclui sua trajetória com maestria, salvando sete vidas.
Que Deus conforte o coração da esposa, dos pais, dos irmãos e dos amigos.

(Texto: Rosana Bueno Foto: Reprodução Facebook)

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