ESPECIAL MULHERES: Mesmo com doença rara, Bruna supera obstáculos

No dia 12 de outubro de 2018, Bruna Vanessa de Proença chegou no pódio de uma corrida. A chegada seria comum para qualquer um que tivesse treinado para participar do circuito, mas para ela a emoção foi maior.

Amparada por dois colegas, ela atravessou a linha de chegada aos prantos. Hoje, com 29 anos, ela veio há dez de  Itaporanga para Itu. Aqui, vivia uma vida intensa ao lado de sua família: trabalhava de dia e estudava à noite.

Mas uma doença rara a obrigou a parar. E a reaprender a viver e a sentir. Bruna desenvolveu ataxia, um transtorno neurológico que afetou seus movimentos. “Começou com uma dor nos joelhos, eu me sentia meio bêbada, com perda de equilíbrio”, conta.

Ao fazer uma ressonância no cérebro, os neurologistas perceberam que havia uma diminuição do cerebelo. Daí até o diagnóstico exato foram alguns anos de espera. “O meu exame genético foi para o Canadá”, recorda.

Ela teve então que lutar para se readaptar a uma vida com pouca expectativa de mobilidade. Mas um encontro a encheu de esperanças. “Eu saia caminhar, com a ajuda da minha mãe e do meu padastro, e um dia, o Fernando e o Clayton, do Corrida para Todos, vieram me convidar para fazer parte do grupo”, recorda ela.

 “Eu observava a equipe correndo e imaginava eu correndo junto com eles, mas parecia um sonho impossível. Eu aceitei o convite e comecei a caminhar junto com eles, que souberam me olhar muito além do preconceito com o qual as pessoas me observam”.

O resultado foi uma primeira maratona em Sorocaba, de 5km.  “Primeira corrida que eu participei. Foi muito emocionante. Por dentro eu estava chorando. Cansei, achei que não fosse conseguir, mas cheguei…”

Hoje ela já tem quatro medalhas e um troféu.  “Isso foi muito importante para mim, esse apoio que eles me deram. Sempre sonho que estou andando, estou correndo… “, conta.

Apesar de todas as dificuldades, ela conta que tem mais qualidade de vida, pratica exercícios e comemorar cada conquista. “Esses dias eu consegui pular, e fiquei tão feliz que chorei de emoção. Aprendi a ter ainda mais fé, não ficar me lamentando. Tenho muita fé, e hoje minha doença está estacionada. Meu filho é um anjo na minha vida, meu ex-marido sempre me ajuda, minha ex-sogra, minha mãe, meu padastro. Tenho sorte de tê-los na minha vida, e sou grata por tudo”.

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