Ex-alunos de Antunes Filho lamentam a perda do mestre
Na noite de quinta-feira, 2, o ator e diretor teatral Antunes Filho morreu, em São Paulo, vítima de uma câncer de pulmão. O artista revolucionou a arte cênica e criou um método próprio para formação de atores e atrizes.
Aos 89 anos, ele não parecia estar se despedindo da vida. A ituana Bruna Gavioli teve o privilégio de ser sua aluna e encontrava-se com o mestre todos os sábados, no CPT – Centro de Pesquisa Teatral, no Sesc Consolação, em São Paulo.
No último sábado, o encontro foi cancelado, discretamente, sem muitas explicações. “Eram encontros incríveis. Ninguém imaginava sua morte, apesar de sua idade. Ele era muito vivaz, morava sozinho, frequentava mostras e peças teatrais e estava no meio de uma nova montagem”, lamenta Bruna.
“O velório foi uma das coisas mais tocantes que eu vivi”, conta ela que velou o corpo do mestre ao lado de grandes nomes do teatro como Laura Cardoso, Eva Wilma, Giulia Gam, e muitos outros.
Bruna, agachada, última da direita
Bruna, que é apaixonada pelo teatro desde os 12 anos quando fez seu primeiro curso no Sesi de Itu com Marielle Ceconello (também ex-aluna de Antunes), passou por uma rígida seleção para conseguir estudar o método de Antunes: de 900 interessados, apenas 20 foram classificados.
As mesmas etapas foram cumpridas pelo ator Juliano Mazurchi. “Antunes representou o meu amadurecimento artístico. O curso de Introdução ao Método do CPT (Centro de Pesquisa Teatral) forma primeiro o homem, depois o ator. O Antunes passa uma relação de “livros obrigatórios” para que o ator estude ao longo do curso como: filosofia, retórica, dialética…Além de peças de teatro e filmes de arte. Ele dizia que o ator precisa adquirir conhecimento”, conta Juliano. “Aprendi que ser ator é uma profissão de muita responsabilidade porque somos porta voz para a sociedade.”
Juliano lembra bem da última frase de Antunes no curso realizado no ano passado: “O CPT não é fruto, ele é semente”. Que nossos artistas ituanos germinem e nos tragam todos seu talento. Que nós saibamos prestigiá-los!
(Fotos: Arquivo Pessoal/ Texto: Rosana Bueno)