PCH São Pedro: as forças das águas geram energia e contradições

Rio Tietê resiste imponente aos desmandos dos homens; hidrelétrica São Pedro ganha reforço na barragem

Impossível falar da Estrada Parque sem falar dele, que margeia toda ela, em um desenho único de paisagem natural. Indo para Cabreúva, a força das águas do Rio Tietê é destacada ao ver a barragem da antiga Usina São Pedro, atualmente Pequena Central Hidrelétrica São Pedro. 

O documento da Prefeitura de Itu para transformar o trecho em Estrada Parque conta que “construída em 1911 para gerar energia para as fábricas São Pedro e Maria Cândida, de tecelagem e fiação, gerava mais energia que o necessário para suas indústrias e com a sobra abastecia todas as fazendas da região e a cidade de Cabreúva. Em 1974 a concessão de energia foi vendida para a CESP.”

A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do ESP (ARSESP) informou ao Jornal de Itu que desde 2005,   a Agência Nacional e Energia Elétrica autorizou a empresa Eletricidade São Pedro Ltda. a  explorar o potencial hidráulico. A energia do local é vendida para a Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL . 

Uma fonte informou ao Jornal de Itu que, atualmente, devido a um problema no gerador, desde final de novembro a hidrelétrica está parada. Os funcionários, que moram nas casas em frente ao local, continuam morando lá, mas foram demitidos, temporariamente. Até junho, a produção deve ser retomada.

Para Malu Ribeiro, de Ong SOS Mata Atlântica, a construção de novas hidrelétricas é uma grande ameaça ambiental. “Paira sobre nossa região a frequente ameaça na construção de quatro novas hidroelétricas no Vale do Tiete: Uma entre Cabreúva e Pirapora; outra em Cabreúva no bairro Bananal; Uma junto ao Jequitibá Rosa que é símbolo da estrada parque, que fica em frente ao Chocolate da Fazenda;e outra em Porto Feliz. Essa hidroelétricas podem acabar com as nossas esperanças de recuperar o Rio Tietê no médio Tiete porque as corredeira do Rio fazem um trabalho de oxigenação e de auto depuração do Rio que nenhuma tecnologia humana consegue fazer.”

Segurança

Em janeiro de 2019, após a tragédia de Brumadinho O governo federal determinou a fiscalização imediata das barragens O pedido do governo abrange todas as barragens que apresentam o chamado Dano Potencial Alto (DPA), no qual a PCH São Pedro se enquadra.

Para chegar a esta conclusão são avaliados o tempo que a construção tem, o material usado, o estado de conservação e se há plano de segurança.

Após isso, foi feito um reforço no paredão da barragem. Em dezembro de 2021, A Prefeitura de Itu, por meio da Proteção e Defesa Civil, realizou no último dia 14, na represa PCH São Pedro, uma simulação de estouro de barragem. Participaram da atividade integrantes da Proteção e Defesa Civil, Polícia Rodoviária, o proprietário, engenheiros e colaboradores da referida represa, além de pessoas que residem nas proximidades do local.

De acordo com o diretor de Proteção e Defesa Civil, Paulo Guerreiro, o exercício teve como objetivo alinhar os procedimentos a serem adotados diante de estouro de barragem ou volume de chuva excessivo no Rio Tietê. Nesses casos, se fazem necessárias a interdição da pista e a tomada de procedimentos como o estabelecimento de rotas de fuga e pontos de encontro em havendo incidente, com o intuito de preservar a segurança do local e resguardar a vida dos munícipes.

Ironicamente, a lanchonete que fica às margens do rio, logo depois, não há eletricidade. Um gerador mantém a energia funcionando para o atendimento ao público.

Poesia, monitoramento e políticas públicas

Estas águas do meu Tietê são abjetas e barrentas”, dizia Mário de Andrade. Poluídas, também, poeta… mas apesar dos homens que o tentam matar todos os dias, ele continua belo, imponente e resiste.

As corredeiras do rio ainda encantam. Muitos que passam por lá lembram do tempo em que o rio era limpo, e não faz tanto tempo: anos 80. Atualmente, as águas são monitoradas na expectativa de menos agressão ao valente Tietê.

No local, está instalada a nova Estação Automática de Monitoramento de Qualidade das Águas, e monitorada pela Cetesb.  O equipamento mede os valores de pH, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, turbidez, temperatura da água e volume de chuva.

O SOS Mata Atlântica também tem o monitoramento da água mensal no trecho, com coletas e medições desde 1993. “Essa série histórica de qualidade da água faz parte do monitoramento dos impactos do projeto de despoluição do rio Tietê”, conta Malu Ribeiro, da Ong.

E ela acredita que um rio só se salvará com políticas públicas sérias. “O projeto de despoluição do Tiete foi concebido em 6 etapas, e estamos na quarta. Agora temos vários municípios ribeirinhos com termo de ajuste de conduta que executem as coletas e tratamento de esgoto e a própria escassez hídrica fazem com que a gente não possa mais se dar ao luxo de tratar um rio para a diluição de esgoto e poluentes.  Eu acredito que nós vamos conseguir. Despoluir o rio é uma necessidade e é uma urgência. Temos tecnologia pra isso, temos vontade da nossa sociedade, precisamos exercer a pressão política para que isso aconteça e agora um ano de eleição é importante levar isso em consideração…’’

Esta matéria faz parte de uma série de reportagens especiais sobre os 100 anos da Estrada Parque. Leia mais aqui:

(Texto: Rosana Bueno Produção: Denise Katahira Fotos: Cetesb/Malu Ribeiro/Carol Rivieri)

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