Tudo novo de novo

Mais um ano está terminando, e muita gente já começa a pensar nas promessas de ano novo. Elas são uma tradição, passada de geração para geração. As superstições mais típicas da época são: pular sete ondinhas, usar roupa íntima amarela para atrair dinheiro para o próximo ano que está para começar, usar roupa branca pra trazer paz e por aí vai. Cada um tem a sua e não deixa de fazer.

Estima-se que essa prática, surgiu com os povos da Babilônia, região onde hoje fica o Iraque. A prática vem de um festival religioso conhecido como Akitu, que marcava o começo de um novo ano que começava e tinha doze dias de duração. Nele, os babilônios reafirmavam sua lealdade perante o rei ou coroavam um novo soberano. Aos deuses eles faziam promessas para pagar seus débitos e devolver objetos que tinham sido emprestados.

 Os babilônios acreditavam que, se mantivessem a palavra, seriam favorecidos pelos deuses no ano seguinte. Caso o contrário acontecesse, cairiam em desgraça. E assim, a prática foi adaptada, atravessou gerações, culturas e regiões, se concretizando como uma tradição popular.

Conforme os dias finais vão chegando,  vai surgindo a nostalgia de tudo o que vivemos e passamos, com isso, começamos a traçar novos projetos, fazemos promessas para o novo ano, que em sua maioria são os mesmos desejos de anos anteriores. Outras são algumas metas, mas a essência é a mesma: concretizar aquilo que não conseguimos no ano que se finda.

Só que dessa vez a atmosfera está diferente, mesmo porque estamos vindo de anos de isolamento por conta da pandemia de Covid-19, que afetou o mundo inteiro. Tivemos que nos reinventar, rever nossos valores, criar outros,  nos adaptar a um mundo novo. E com isso a nossa lista de promessas se modifica também.

Mesmo com todas essas mudanças, conseguimos perceber que muitos mantêm o sentimento de esperança, de novas possibilidades, de um recomeço, emoções que as festas nos trazem.

 Certamente haverá um pedido em comum: Saúde. Afinal é ela que vai nos permitir viver e fazer aquilo que não foi possível.

Não podemos ignorar o fato que quase sempre nos esquecemos daquilo que foi prometido no ano anterior, fazendo com que muitos daqueles ensejos não sejam realizados.

Na maioria das vezes nossas promessas giram em torno de boas práticas, mudança de atitudes, cumprir um objetivo pessoal, melhorar nossas vidas.

Para os mais céticos, pode parecer besteira se preocupar com isso, mas a psicologia explica a razão pela qual pode fazer valer a pena.

Alguns estudos sugerem que esse efeito de novo começo está relacionado com a forma como o cérebro organiza nossas memórias.

Basicamente, nós tendemos a criar narrativas inspiradas em diferentes estágios daquilo que vivemos.

Por isso, a cada vez que passamos por momentos que se tornam um divisor de águas, como aniversário, formaturas, mudar de cidade ou começar um novo ano é como se ficasse tudo novo de novo, nos permitindo vivenciar novas experiências e realizar  planos. É essa motivação que torna mais fácil alcançar os objetivos traçados para uma nova fase.

Procurar realizar metas tangíveis e concretas é uma boa garantia de concretização daquilo que foi planejado.

Na maioria das vezes que não conseguimos completar nossas resoluções é porque elas estão distantes demais da nossa realidade.

As dificuldades vão aparecer, mas o importante é não perder a esperança, continuar aos poucos, mudando expectativas, revendo prioridades e comemorando as pequenas vitórias.

Érica Gregorio, jornalista, socióloga em formação, escreve periodicamente no seu blog ericagregorio.com

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