Na região de Sorocaba, tem delegado responsável por três delegacias ao mesmo tempo

“A Polícia Civil do estado de São Paulo possui os índices de produtividade que tem, em comparação com as outras polícias do Brasil, porque seus integrantes dão o sangue para manter a produção”. A frase, dita por um delegado da região do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sete (Deinter 7), resume as condições de trabalho a que os policiais civis da região de Sorocaba estão submetidos devido ao deficit de 44% no quadro de profissionais da instituição, o segundo maior índice de todo estado de São Paulo.

O relato foi feito na tarde desta quinta-feira (25/07) durante reunião com a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP), Raquel Kobashi Gallinati (foto), para debater os problemas enfrentados na região. Os policiais relataram o acúmulo de funções, sobrecarga e jornadas ininterruptas de trabalho. “Cada delegado da Seccional de Itapeva, por exemplo, tem que cuidar de três delegacias em média. Quando algum (delegado) sai de férias, o número sobe para 4 ou 5”, afirmou outro policial.

Para atender à lei, é preciso contratar mais 1.045 policiais civis somente na região. E esse problema é agravado pelos baixos salários pagos à Polícia Civil de São Paulo. “Existe um problema que é a morosidade na realização de concursos e temos uma morosidade também na nomeação dos aprovados. A partir do momento que não se investe na Polícia Judiciária, que tem a atribuição legal e constitucional de investigar, a gente deixa a população totalmente desprotegida, vulnerável e à mercê da criminalidade e não se dá a certeza do castigo a quem pratica o crime. A falta de estrutura da Polícia Judiciária deixa a sociedade refém da criminalidade. Aquele governo que teve o apoio do povo tem que, o mais rápido possível, corrigir essa deficiência, afinal, a segurança pública é o tripé das políticas sociais”, afirmou Raquel.

A defasagem na polícia, somada às precárias condições de trabalho, têm provocado o aumento dos casos de afastamentos por males decorrentes do estresse. “Quando não se dá ao policial civil o direito à folga, o Governo descumpre normas expressas na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o sindicato entrou com uma ação na entidade para relatar isso”, afirmou a presidente do Sindicato.

A visita ao Deinter 7 integra uma série de reuniões que o SINDPESP está realizando em todas as regiões do Estado para mapear as condições de trabalho dos policiais. A presidente do SINDPESP reiterou a necessidade urgente do governador João Doria reajustar os salários da Polícia Civil e cumprir com suas promessas de campanha. “Até o momento não existe nenhuma sinalização de melhora, somente promessa. O que esperamos é que com esse cronograma de ações, de percorrer todas as regiões e apresentando as principais deficiências de cada localidade, o governador aceite os erros e corrija o mais rápido possível. Afinal, não é possível que estejamos no estado mais rico da federação com a sociedade desprotegida”, disse.

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