Eles devem ser vistos

A invisibilidade das pessoas com deficiência é uma realidade muitas vezes negligenciada pela sociedade, evidenciando a persistência de barreiras físicas, sociais e emocionais que impedem a plena inclusão e reconhecimento desses indivíduos. Recentemente, a cantora Madonna, em um show seu, trouxe à tona essa questão de forma emblemática, enquanto também se comemora o Dia Mundial do Autismo, celebrado no último dia 2, é preciso refletirmos sobre as experiências dessas pessoas que possuem deficiência mental ou física, visíveis ou não.

De acordo com estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde), 1,3 milhão de pessoas no mundo vive com algum tipo de deficiência, que impacta efetivamente a vida delas. Elas representam 16% da população mundial, ou uma um cada 6 pessoas.

No referido evento,  Madonna enfrentou críticas e polêmicas devido à situação em que chama a atenção de um homem que supostamente não estava dançando, sem perceber que ele era um cadeirante. Esse incidente, embora tenha gerado várias controvérsias, destaca uma realidade mais ampla: a invisibilidade sistemática das pessoas com deficiência em diversas esferas da sociedade.

Seja porque muitos dos espaços para eventos não são adaptados para a sua presença, ou porque andar pelas calçadas da maior parte das cidades do país acaba se tornando uma verdadeira corrida com obstáculos, ou mesmo quando para entrar em um prédio,  o único acesso a ele é por escadas.

No entanto, a questão da invisibilidade não se limita a esses aspectos; ela permeia todos os aspectos da vida cotidiana. No Dia Mundial do Autismo, é crucial reconhecer que muitas pessoas no espectro autista também enfrentam essa invisibilidade. Suas necessidades, habilidades e contribuições frequentemente passam despercebidas ou são mal compreendidas devido a estereótipos e falta de conscientização.

A invisibilidade das pessoas com deficiência não é apenas uma questão de visibilidade física, mas também de reconhecimento de suas vozes, experiências e direitos. É essencial que a sociedade como um todo se comprometa com a promoção da inclusão, acessibilidade e respeito às diferenças. Isso envolve não apenas garantir espaços acessíveis e oportunidades equitativas, mas também desafiar atitudes discriminatórias e ampliar a representatividade nas mídias e em todas as esferas da vida pública.

À medida que nos unimos para celebrar o Dia Mundial do Autismo e refletir sobre a importância da inclusão de todas as pessoas com deficiência, é fundamental lembrar que a verdadeira mudança só pode ocorrer quando reconhecemos e valorizamos a diversidade de habilidades e experiências que cada indivíduo traz consigo. Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde ninguém seja deixado para trás na sombra da invisibilidade.

Erica Gregorio, jornalista, socióloga, escreve periodicamente em seu blog ericagregorio.com

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