Professor, um secular apóstolo

Segundo definição da ciência da Filosofia, a Educação é o aprendizado de técnicas culturais e sua transmissão ao homem. Visa a atender às suas necessidades para se proteger contra as hostilidades do ambiente físico e biológico, encetando trabalhos conjuntos de modo pacífico e ordenado. A essa reunião de técnicas a Filosofia atribui o nome de Cultura.

A Cultura propriamente dita é o que sustenta uma sociedade viva. E para que isso aconteça é necessário que seja transmitida de uma geração para outra. Isto posto, ainda como conceito filosófico, a Educação é tratada de duas formas, segundo a sociedade em que ela está inserida.

Numa sociedade primitiva ela busca, essencialmente, manter a imutabilidade das técnic as prati cadas, dando-lhe uma característica sacra.  Enquanto isso, numa sociedade civilizada, ela procura não só deter as técnicas existentes mas também tem a seu encargo corrigi-las e aperfeiçoá-las. A consecução desses objetivos, numa e noutra sociedade, é levada a cabo por uma figura muito próxima de todos nós chamada Professor.

Não será possível neste espaço, mesmo porque dependeria de pesquisas e estudos mais aprofundados, entender porque essa criatura maiúscula tem uma consideração secundária, sobretudo pelos entes governamentais e mesmo muitas famílias. 

A ignorância da nação sobre a importância do Professor é tamanha que basta relatar dois pequenos fragmentos do cotidiano educacional. O desprezo por esse profissional chega ao ponto de pais buscarem satisfação nas escolas pela punição ou reprovação dos seus rebentos. Ninguém se auto-analisa para perceber que a questão na maior parte das vezes não está nos professores.

Na outra ponta, quando um professor novato chega à universidade é comum a pergunta: “No que você trabalha, além de dar aulas?” Além desses fatos que seriam hilariantes se não fossem trágicos, temos ainda a evidente desconsideração com a classe quando o assunto é salário. Os países asiáticos, praticantes de uma ancestral e reverente educação familiar, têm pelo professor um enorme respeito, traduzido não só por um comovente apreço, mas também por salários condizentes.

A alavancagem econômica da Coréia do Sul, China,Taiwan e outros mais, não aconteceu gratuitamente. Como diriam os economeses no seu jargão: “Foi a Educação, seu estúpido”.  Infelizmente em nosso país, sai governo, entra governo, para a Educação e Professor sequer promessas demagógicas são feitas para serem ignoradas lá na frente. Não há referências.

Por isso, do mesmo modo como Cristo arquitetou seu trabalho de evangelização ao constituir seu doze apóstolos recomendando-lhes que nada levassem no trabalho a ser encetado, exceto um bordão, os professores brasileiros são verdadeiros apóstolos que nada levam exceto aquilo que os move: a abnegação.

Éden A. Santos
Escritor, pequeno empresário e ex-professor universitário
edensantos@uol.com.br 

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