Pessimismo (um estado de espírito)

Não criemos males imaginários; bastam-nos  os verdadeiros, que se nos deparam a todo instante’.

(Oliver Goldsmith – Médico Escritor Irlandês) (1728 – 1774)

O pessimismo pode ser enfocado por diversos ângulos: religioso, sanitário ou social, entre outros. Não terei a ousadia de entrar nesses campos, pois são muito específicos e técnicos, sobretudo por questões de honestidade intelectual. Seria muita audácia da minha parte tratar de tema tão complexo em cada um desses campos. Nas entrelinhas aduzirei apenas algumas dicas.

Dessa maneira pretendo fazer uma abordagem voltada para o cotidiano de nós mortais, isto é, criaturas como eu, o prezado leitor e pessoas interessadas, sem resvalar, no entanto, na banalidade. Feitas essas ressalvas, iniciemos nossa reflexão.  É preciso deixar bem claro, logo de início, que o pessimista não se acha como tal, muito pelo contrário, ele se acha muito normal. E por quê? Porque o pessimista tem a absoluta convicção de que não só no seu universo, mas em todo planeta o estado das coisas é o pior possível.

E ponto final! Falta-lhe o senso comum. O pessimismo é a antítese do otimismo. Vários pensadores, a começar pelos monges budistas, passando pelo Padre Apologista Arnóbio (entre outras questões, um apologista do pessimismo) no século IV até o filósofo alemão Schopenhauer no século XIX, em que todos falando de pessimismo, percebe-se serem, eles mesmos, em suas teses, os protótipos de pessimistas.

Dizem alguns estudiosos que a vida humana se embasa em três pilares: instinto, vontade e hábito. De tudo o que pude estudar e pesquisar compreendi que o pessimismo está muito mais sujeito à vontade e ao hábito do que ao instinto das pessoas. Esse hábito a que me refiro não é o do domínio popular, mas aquele no qual, lentamente, a pessoa vai se tornando insensível a certas impressões e emoções, levando-a vagarosamente a viver num certo regime ou num determinado meio.

Em outras palavras, para simplificação, a pessoa vai lenta, mas determinadamente, caminhando para um regime ou uma situação de pessimismo. Por outro lado, atrás do hábito está a vontade. Quando a pessoa caminha para o pessimismo, isso é feito por força da sua vontade. Esse processo guarda alguns passos para sua consecução. Intimamente a pessoa tem esse objetivo e examinando seu meio ambiente, toma a decisão voluntariamente.

Não se deve esquecer que a decisão é tomada pela vontade, que, por sua vez, se subordina à inteligência, portanto, o pessimista sabe bem o que está fazendo, só não tendo, como já disse a noção de quão danoso é porque vê o mundo pela sua ótica que ele acha normal.. Por outro lado, o pessimista, é de se entender, quanto mais preparado intelectualmente, mais resistente se torna a qualquer argumento contra suas convicções.

Às vezes, é exasperante a convivência com essas pessoas. Com efeito, é bom lembrar que contrapondo-se a essa exacerbação o pessimista tem, como todos nós, o direito ao livre arbítrio de escolha. Cabe, portanto, aos seus interlocutores aprenderem a conviver nesse ambiente criando mecanismos de neutralização para não serem contaminados. É difícil, mas não impossível.

Éden Santos, escritor

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